sábado, 10 de fevereiro de 2007

No momento da concepção abre-se uma porta num carrinho vermelho, você entra e senta, a súbida é assustadora, a criação é assustadora de repente você é um ser, unicelular nunca mais!
Se agarre na cadeira e acompanhe a subida,a lonta e lenta subida. Vai demorar mais ou menos nove meses para que você esteja pronto: dedos, braços, pulmões e corações, não espere perfeição ou simetria.
E de repente o carrinho para, você contempla todo aquele processo entre concepção e maturação, não dá para vê o que vem depois, mas você pergunta: "HÁ VIDA APÓS O PAAAAAAAAAARTO?"
Agora, no decorrer dessa descida começa a grande aventura da vida, suas experiências serão únicas e as chances de concertar erros, poucas.
Viver é embarcar nesse carrinho e passear ao longo de uma misteriosa montanha-russa, curvas, subidas e descidas são esperadas, mas você nunca sabe o que virá, até que um dia a estrada acaba.
Bem vindo!
Em meio de comoção nacional, eu ainda estou um pouco chocada. Fico me perguntando quando, no decorrer dessa tragetória, nosso destino está escrito. Será que há uma força cronometrando nossa vida?
Ontem a globo em pleno horário nobre rezou um "Pai Nosso" para João Hector, o Brasil rezou com três freiras e lamentou onde estamos.
Quando isso começou a acontecer?
Fico me perguntando: se a mãe tivesse demorado cinco minutos em outro lugar?, se o carro tivesse estancado num desses sinais vermelho? Talvez fosse só mais um assalto. Mas a vida tem dessas coisas, os "e ses" (como sempre digo) não mudam o hoje, mas coisas não acontecem porque tem que acontecer. Somos vitímas do tempo e da imprevisibilidade da montanha-russa. E nessa "tragédia" houve culpados, mas somos todos vitímas. A mãe da criança que perdeu o filho de um modo trágico, viu a morta sofrida do filho e conviverá todos os dias com sua ausência. Os pais que participaram de um processo "não-natural" que é os pais perdem os filhos. Os conviventes (familiares e amigos) sentiram a perda dessa convivência, que se perguntaram quem seria essa criança, se advogado, escritor, professor, médico, ministro, feirante, amigo... Nós sociedade que perdeu um pouco do futuro, um pouco de esperança sendo arrastado rua abaixo. Eu, perdi, um pouco da fé no ser humano. E esses jovens, os assassinos, que perderam a liberdade, sabe-se lá o que vai acontecer com eles num presídio e que em mim, como cidadã, só desejo a justiça divina, porque morte, crueldade, não justifica o mal que eles fizeram a todos nós. Pagar com a mesma moeda seria ser tão barbáros com eles. Reclusão, sim! Pena de morte não, crueldade ou qualquer coisa que esteja no "estatuto interno" do presídio sou contra. Não quero colocá-los como vítima da sociedade desigual, não quero criar martire. Acredito que cada faça sua escolha, arrastar a criança por 7km foi a deles, assaltar o carro foi a deles, a mãe não teve escolha senão gritar pelo seu filho. Mas linchamento, tortura ou qualquer coisa do tipo não trará a vida da criança de volta, não amenizará a dor dos pais, não trará minha fé de volta, não fará a criança crescer...
Sinto muito, mas essa não é a solução.

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