quinta-feira, 15 de março de 2007

Romance no Deserto: Eu tenho a boca que arde com sol, o rosto e a cabeça quente... Com Madalena vou embora, agora ninguem vai pegar a gente! Dei minha viola num pedaço de pão, um esconderijo e um aguardente. Mas um dia eu arranjo outra viola e na viagem vou cantar pra Madalena: "Não chore não querida, esse deserto finda, tudo acontece e eu nem me lembro... Me abraça, minha vida, me leva em teu cavalo e logo no paraíso chegaremos" Vejo cidades, fantasmas e ruínas à noite escuto o seu lamento, são pesadelos e aves de rapina. No sol vermelho do meu pensamento. Será que eu dei um tiro no cara da cantina? Será que eu mesmo acertei seu peito? "Vem, vamos voando, ninha Madalena. O que passou, passou não tem mais jeito" Naquela sombra vou armar a minha rede e olhar os solitários viajantes. Beber, cantar e matar a minha sede. Lá longe onde tudo é verdejante..."Não chore não querida, esse deserto finda, tudo acontece e eu nem me lembro... Me abraça, minha vida, me leva em teu cavalo e logo no paraíso chegaremos" O padre vai rezar uma prece tão antiga, domingo na capela da fazenda. Brinco de ouro e botas coloridas... Nós dois aprisionados nesta lenda! Ouço um trovão e penso que é um tiro! A noite escura me condena. Não sei se vivo, morro ou deliro... "Depressa pega a arma Madalena Tem uma luz por traz daquela serra mira mas não erra, minha pequena. A noite é longa e é tanta terra que poderemos estar mortos noutra cena..." "Não chore não querida, esse deserto finda, tudo acontece e eu nem me lembro... Me abraça, minha vida, me leva em teu cavalo e logo no paraíso chegaremos"

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