terça-feira, 8 de janeiro de 2008

SEXY AND THE JAMPA
Traduzido pela SBT como Solteira*
em João Pessoa

*mas eu prefiro chamar de mulheres possíveis
Episódio III de VIII

(em numeral romano que é chique
!)
episódio de hoje:

365 dias para recomeçar

"Terceiro cápitulo atrasado

Estou estudando para dois concursos (INSS e TRF),
fora
o dos correios que irei fazer.
E ainda tenho que
arrumar tempo
para meio mundo de coisa,
enfim, sem tempo para tudo.
Esse terceir
o cápitulo,
sem mentira,
fiz em duas horas.
Então, espero que esteja bem.

Sobre o template só vou atualizá-lo
no final do mês :P"



DyeLL Araújo, 08/01/2008


Minha mãe sempre dizia: “O problema das pessoas que nunca mudam de opnião, é que elas tem que sempre acertar na primeira impressão”. Eu mudo de opinião constantemente, sou uma metamorfose ambulante, então, não me preocupo com a primeira impressão, mas tento passar uma legal.
Quando se conhece alguém você acaba julgando-a, impossível não fazer isso.
Quando se entra no apartamento do cara você começa a passar um scanner, um raio-X, sobre sua vida: fotos da mãe, fotos do amigo, pia cheia de louças, presentes da ex., tipo de música que costuma ouvir, tudo é indício. E no final, o cara está sendo julgado, sem nem ao menos saber porquê. Mas não se preocupe em colocar um homem no banco do réu, geralmente ele é culpado. Até que provem o contrário...

“Nada exprime melhor o fim do ano como os versos de Lulu Santos e Nelson Motta: "Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas como um mar,num indo e vindo infinito. Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo. Tudo muda o tempo todo no mundo", aquela idéia atordoadora de que a vida está passando, que tudo passa rápido demais, como se você estivesse dentro de um oceano se afogando, se perdendo algo em meio de tantos acontecimentos... Por isso odeio retrospectiva, vejo como o ano foi cheio de acontecimentos e eu mal tive tempo de respirar, tudo acontece todos os dias... Não é a toa que não saiba o que fiz durante todo o ano de 2007, mal sei qual foi meu café-da-manhã...”
“Nelson Motta é um dos compositores do tema de Natal da Rede Globo, “hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa...”.”
“Verdade?! Eu não sabia... Só sabia que “Como uma onda” é uma música melancólica que fala da repetição da vida, embora, seja diferente. “Num indo e vindo infinito”, não importa o quanto nos encontremos nessa praça e o quanto falemos sobre o mesmo assunto, “tudo muda o tempo todo no mundo”. A vida é a repetição distinta, há encontros, desencontros... Histórias idênticas mas diferentes, tudo tão antagônico...”
“Para mim, é uma época de reflecções, como essa que estamos fazendo, pensando que não importa o quanto revivamos uma mesma cena, ela irá mudar a medida que nosso conhecimento de mundo aumente. Para mim, mais que uma época nostálgica é um recomeço, é o fechamento de um ciclo de 365 dias e a vida recomeça no dia 1, quando molhamos nossas pernas na água e fazemos promessa para todo o resto de nossas vidas. As ondas “no seu indo e vindo infinito” leva nossos ressentimento, trás nossos sonhos e esperança para serem destruídos nos próximos 364 dias e após esse ciclo, novamente nos encontraremos no mesmo ritual, repetindo a mesma cena cheios de esperança e fé...”
“Como diria Belchior, “aquele amigo que embarcou comigo cheio de esperança e fé já se mandou”. Não consigo ser otimista sobre isso, é a única época do ano que fico cheia de crenças e supertições, dou sete pulos e faço sete desejos, uso branco, roupa nova, sapato, meia, sutiã, brincos... Uso ouro para atrair dinheiro, branco para a paz, vermelho para a paixão, rosa para o amor, azul para a felicidade, verde para a esperança e não uso preto, embora, o preto seja a união de tudo e tudo ficaria mais fácil se preto não simbolizasse luto. Não consigo colocar um preto e esperar que as coisas sejam boas, para mim, preto não trás nada de bom...”
“Belchior também disse, para “viver as coisas novas que também são boas, o amor e o humor...”. Se preto for coisa nova, use! Não há nada em ter supertições, crenças ou sei lá o que, se souber vence-las ou não fazer delas muros para contornar, caso sejam, faça buracos, destrua muros, crie portas, faça da sua mente dinamite e destrua tudo que lhe atrasa...O significado das cores pouco importa, pouco importa vestir novo se sua mente continua no velho... Rituais de passagem não fazem sentido quando você não está de passagem, enfim... Mas eu não havia pensado nesse significado das cores...”
“Não havia pensando? O fato de você não pensar uma coisa que pensei e me contar uma coisa que não sei, me faz pensar, novamente, o que é você... Não é sólido, não é real, faz parte da minha imaginação ou é um fantasma? Eu me repito todos os dias que já estou grandinha demais para acreditar em fantasmas, ter amigos imaginários ou qualquer coisa assim, no entanto, isso não te faz menos presente e o fato de eu revelar sua composição a você não te faz sumir ou se tornar mais sólido... Eu não entendo, como você fala coisas que não sei se você é parte da minha imaginação...”
Ele levantou a sombrancelha e ficou esperando que eu terminasse minhas indagações, não parecia confuso, calmo, no verdade. Talvez soubesse a resposta, talvez não houvesse resposta, ele estava lá eu estava louca... Louca por imagina-lo ou louca por não ter medo daquele fantasma:
“Não sei quando se deixa de acreditar em fantasmas, amigos imaginários ou gostar de alucinações. Sei que meu conteúdo não é sólido e não sei mais nada. Queria dizer que sou real, mas não lembro da minha vida antes daquele nosso encontro quando lhe disse que era a rainha do nada, lembra?”, fiz que sim com a cabeça: “Quando não estou com você as vezes lhe observo, então, existo independente da sua vontade... Mas quando não estou com você e não lhe observo, eu não sei onde estou. Assim, como não sei como sei das coisas ou o que fazia antes de te coroar minha rainha. De fato, meu mundo gira em torno de você, mas não creio que foi sempre assim... Posso até ser fruto da imaginação, mas isso não impede de que eu queira tê-la por perto, sentir ciúme do dentista ou ter sonhos com você... Se sou fruto da sua imaginação, como explica o fato de eu ter sentimentos, pensamentos, sonhos e existir independe de sua vontade?”
“Se você não é fruto da minha imaginação, você pode ser um fantasma...”
“Ou...?”
“Ou?”
“Ou... Posso ser um ser de outro planeta, outra dimensão e...”
“Não viajemos, por favor!”
“Não viajemos mais, diga!”
“Não viajemos tanto, então!”

O fato de nada acontecer adianta ou para o tempo? Quando não se faz nada durante um longo tempo dá a impressão de que há um vão, um buraco negro que comeu várias horas do seu tempo, mas o que se faz com esse tempo perdido? Corta o perdido, joga-se fora e cola-se as pontas, fingindo que o tempo perdido nunca existiu? Assim o tempo corre... Ou estende-se fazendo com que cada hora seja seu dobro e o tempo é transformado numa tortura lenta e impiedosa? O tempo perdido dilata as horas ou as condensa?
Albert Einstein já dizia que tempo é relativo, o tempo não transcorre na mesma velocidade para a matéria em repouso e para a matéria em aceleração. Para mim, o tempo não transcorre da mesma forma nem para matérias em igual repouso ou igual aceleração, depende da forma, que a tal matéria consiga vê sua aceleração ou seu repouso, novamente, concordo Einstein: “tempo é relativo”.
Passaram-se alguns meses desde o nosso último encontro em “I, myself and my Gosths”, esse tempo não correu porque aconteceram muitas coisas, esse tempo correu porque não aconteceu nada. E quando abri os olhos vi que já estávamos em dezembro, final de dezembro, na verdade.
“Vivemos novos tempos, 2007 foi um grande ano para as mulheres, conquistamos muito espaço, demos saltos inigualáveis, não consigo deixar de acreditar que em breve seremos lideres da maior nação, seguindo uma política futurista de proteção ambiental agora. Para mim, 2008 será um ano sem igual, será o futuro no presente! Deposito minhas esperanças nele!”, Estávamos as quatro escolhendo roupas na Aliança, ainda passaríamos no shopping para dá uma olhada na parte inaugurada e comentar a estória de que ele era o 2º maior do nordeste.
“Eu colocava minhas esperanças no Romário, mas ele já está velho coitado... Agora só um clone!”, comentei, “Fora isso, ainda tinha esperança do Corinthias não ser rebaixado...”
“Ele já foi rebaixado, isso mostra como você entende de futebol. É fato, segundona!!! Essa história do Corinthias ser rebaixado foi uma armação do Grêmio para se vingar porque ele tomou seu técnico no meio da campeonato e...”, Ana começou a mostrar seu lado roxo, recém conquistado após se comover com o drama do Corinthias e longas conversas com o Bob.
“Mudemos de assunto!”, sugeri.
“Para mim, 2007 foi um ano de estagnação... Não me lembro de nenhum relacionamento duradouro, qualquer avanço na minha carreira ou, pelo menos, de um acontecimento político que tenha me feito assistir dois dias seguidos o jornal nacional...”, Lílian suspirou, “Ainda tenho que ir naquele maldito shopping comprar, nessa loucura, um presente para meus pais, meus sobrinhos, amigo secreto do trabalho, de vocês e da academia e do Edson...”
“Eu acredito que haverá muitos motivos para ser feliz... Comprei um livro sobre o segredo da felicidade em 2008, como fazer seu relacionamento durar, sua carreira progredir e tudo mais, basta ter fé!”
“Fé eu tenho, mas não a gastei com o Corinthias, só com o Romário!”, comentei.
“Eu tenho fé que em 2008 eu passe num concurso, arrume um namorado, troque meu carro e convença minha mãe de que sei me virar sem ela...”, Luiza suspirou.
“Eu tenho fé que o meu relacionamento com o Bob vai se arrumar e eu consiga a direção do projeto de avanço do banco...”, Ana cruzou os dedos.
“Eu tenho fé que...”.
De repente o celular de Luiza tocou:
“Oi Antônio...Ótimo, já era meu caminho mesmo... A gente se encontra lá, certo!... Não, não assisti... Certo!... Te vejo em duas horas!”, virando-se para a gente, “Vou remarcar a manicure!”
“De que horas?”, Ana perguntou.
“As seis!”
“Aquela perto da sua casa?”
“Sim, essa!”
“Eu vou no seu lugar e lá remarco seu horário, já me livra da tarefa de ter que marcar a manicure. Dou uma passadinha no shopping, vou a manicure e depois pego o Bob na loja, será ótimo!”
“Ele não trabalha hoje?”, Lílian perguntou.
“Não, vamos passar na loja de plantas e vê se tem como salvar meu cacto.”
“Cacto?!”, estranho alguém conseguir matar o cacto.
“Sim, cacto!”
“O que houve?”, perguntei
“A Fátima derrubou ele no chão, quebrou ele e o vaso... Sou muito apegada a ele, ele que dá vida ao meu apartamento, não quero nem posso perde-lo”
“Coisa estranha...”, Luiza suspirou.
“Falar em coisa estranha... Qual seu lance com o J.A.?”, Lílian perguntou.
“Sou psicóloga dele, escuto ele falando da ex., vamos ao cinema, jantamos e fim... Quando ele não vai na minha casa com vinho, me enche de esperança e começa a chorar...”, suspirou. “Se tivesse um filho com ele seria Luiz Antônio, ai...ai, nossos filhos seriam lindos, inteligentes e...”
“Imaginários!”, não resisti.
“O que você está esperando para ataca-lo?”, Ana perguntou.
“Ele passar dessa fase!”
“Haja como um homem!”, Lílian deu um murro nas suas costas. “Ele está sensível, ataque-o, dê em cima, ele não conseguirá escapar...”
“Mas ele ainda está chorando e...”
“Se continuar assim se tornará amiga!”, Lílian continuou.
“Se já não sou...”
“Bem, a parte suja você já fez, terminou o relacionamento dos dois...”
“Não terminei, não!”, Luiza se defendeu.
“Terminou sim! Só que não sujou as mãos, fez a parte suja sem ficar com a consciência pesada!”, Lílian completou a frase com uma risada maligna.
“Verdade!”, Ana concordou.
“Além disso, a ex. dele era uma idiota você não tem porquê se arrepender, aconteceu! Segundo, você já se aproximou dele, agora ataque-o!”
“O pior que pode acontecer é você levar um fora e...”
“Ficar deprimida de novo!”, Luiza sentou-se no PUFF, “Duas vezes, pelo mesmo cara, sem nem sequer ter beijado...”
“É o pior, não quer dizer que irá acontecer. Ele poderá não terminar com você, poderá corresponder o beijo, poderão namorar, poderão casar e ter o glorioso, lindo e não imaginário Luiz Antônio!”, Lílian falou com voz de locutor.
“Verdade...”, Luiza deslumbrou o futuro.
“Mas e se for uma menina?”
“Nunca pensei nisso...”

Depois de dá aquela volta sem graça no shopping sem graça, seguimos todas seu rumo. Luiza ficou esperando o pai do futuro Luiz Antônio, eu fui caminhar na praia com o Pedro, mesmo que minha cabeça não estivesse no Pedro, Lílian foi encontrar com o Edson e Ana fora a manicure.

O medo do novo faz com que prefiramos desistir, dá alguns passos para trás ou esperar a tempestade passar. Edson ainda estava com a universitária maravilhosa, enquanto que Lílian ainda saboreava seu novo sentimento. Embora tivessem lhe dito que apaixonar-se pelo Edson seria um terreno seguro e ela nunca mais sentiria o estômago gelar, tudo aquilo era mentira. Seu estômago gelará, sua cabeça girava e ela sentia uma pitada de ciúmes todas as vezes que ele falava da odiada universitária de seios durinhos.
Com Edson, Lílian percebera que se apaixonar nunca seria um terreno tranqüilo. Quando chegou na frente do shopping ele buzinou três vezes para chamar sua atenção, havia acabado de deixar a namorada. Lílian entrou no carro com o coração acelerado, não que houvesse algo de novo, mas não conseguia controlar o palpitar do coração quando o via:
“Vou passar na casa de um colega para deixar umas plantas antes que sigamos nosso caminho, certo?”, ele falou.
“Certo!”
“Como foi seu dia?”
“Dia de dondoca, cheio de roupas, sapatos, unhas e presentes!”
“Já sabe onde irá passar o Natal e essas festas?”
“Natal na casa dos meus pais, você vai?”
“Não, vou passar na casa da minha namorada, você não está namorando?”, ele dobrou algumas ruas e chegou. “É aqui!”, desceu e tocou a campainha.
Lílian ficou repetindo a frase por alguns segundos “Você não está namorando? Você não está namorando? Você não está namorando? Você não está namorando?”, que descaso era aquele? Com certeza todas haviam se enganado a respeito do Edson e ele só era seu amigo, mas agora...
Quando Túlio abriu o portão Lílian soltou o segurança num gesto automático, Edson que já se encontrava perto da porta teve um susto com o pulo que ela deu e olhou para trás, também automaticamente. Quem era Túlio? Melhor o que era Túlio? Túlio era o engenheiro e colega de Edson, alto, moreno, sarado e dono de um sorriso espetacular... Esperem, nem falei da confiança e da barroca no queixo. Ainda no piloto automático, Lílian abriu a porta, quase empurrando Edson e saiu:
“Oi!”
“Oi, sou Túlio!”, Túlio estendeu a mão e ela não pode deixar de sentir quão forte era sua mão e quão firme sua pegada.
“Sim, desculpem! Túlio, essa é a minha Lílian!”, Edson meio confuso.
“Sua?! Não, não dele! Sou sua, quer dizer... Não, não dele! Sou minha, quer dizer, sou Lílian...”
“O que?!”, Edson se virou num susto para Lílian, “Não, ela não é minha namorada, ela é minha amiga Lílian...”
“Só amiga, não ficamos, não nos gostamos...”
“Eu gosto de você, você é minha amiga!”
“Eu também gosto de você, você é meu amigo!”
“Então, nos gostamos!”
Túlio parecia um pouco confuso com aquela conversa:
“Você veio me deixar os projetos, Edson?”
“Sim!”
“Então, e você?”, Lílian perguntou.
“Não sou do Edson, não gosto do Edson e somos colegas!”, ele deu uma risada e Lílian compartilhou com a risada perfeita dele.
“É que sempre pensam que namoramos, coisa assim, decidi deixar claro e...”
“Eu conheço a namorada do Edson, já saímos...”, ele disse.
“Verdade!”, Edson lembrou entregando os projetos, “Espero suas anotações na quinta?”
“Quanto antes!”, falou olhando para Lílian.
“Bem, vamos indo indo, né?”, Edson abriu a porta do carro.
“Vamos! Túlio, foi um enorme prazer!”
“Igualmente, Lílian. Espero revê-la em breve...”
“Não tenha dúvida...”, ela entrou no carro.

Ana e Bob tentavam com toda fé ainda manter o relacionamento. Nesse sábado, dia 22, ele decidirá leva-la ao trabalho. Resolveram a questão do cacto, jantaram e estava indo a uma rave. Acho que já descrevi Ana para vocês, não? Em poucas palavras, rave não era a praia dela. Ana preferia um jantarzinho romântico, amigos ao redor de uma fogueira, uma voz e um violão, piano, cama, enfim, qualquer coisa que não fosse uma rave. Mesmo assim ela foi entusiasmada, com unhas feitas, vestido florido, sapato alto, meia-calça, cabelo pranchado e maquiagem para a rave. Tirando dois garçons e o Bob ela era a pessoa mais velha da rave, mas mesmo assim, sentou-se numa mesa e pediu um Martine.

Eu, por minha vez, tinha ido ao Lion com o Pedro e agora estava caminhando com ele pela praia, João Pessoa estava cheia de turistas.
“Estava pensando, dia 05, não sei se você quer... Em ir a uma premiação comigo....”
“Premiação de que?”
“Do conselho regional de odontologia, nada muito sério, na verdade, tudo bem formal... Eu sei, isso não é bem sua cara e...”
“Isso não é sua cara, diga a ele!” Daniel se meteu na conversa.
“Como dizia?”
“Acho que você não vai gostar, mas gostaria que fosse...”
“Você vai sair comigo!”, novamente Daniel.
“Depois, pensei em te mostrar uma surpresa!”
“Ih! O cara está apelando!”, novamente Daniel.
“Que tipo de surpresa?”
“Algo legal, só posso dizer!”
Que espécie de louca era eu?
“Que tipo de premiação é essa?”
“Algo sobre pessoas que tentam mudar o mundo, é uma espécie de Nobel regional da paz, com bem menos respaldo, mas legal...”
“Você é muito legal, sabia?”
“Eu sei!”, ele deu uma risada.
“Me fala algo que não vou gostar!”
“Tem um alface no seu dente!”, ele deu outra risada.
Levei o dedo aos dentes e tentei achar a folhinha:
“Deixa que eu tiro!”, ele passou a mão nos meus dentes e tirou.
“Você deveria ter dito isso antes...”, falei baixo.
“E não aproveitar essa cena erótica?”
“Erótica?”
“Sim, sempre achei sexy uma mulher linda como você com um alface no dente...”
“Linda?”, dei uma risada.
“Você acha que eu socorreria uma mulher feia?”
“Não, você é muito superficial...”
“Sou!”.
Engraçado a gente ainda não ter se beijado, todos os momentos pareciam ser um clima, mas nunca eram e beija-lo se tornará cada vez mais difícil. Por que ele ainda não me beijou?
“Para deixa-la com essa pulga atrás da orelha!”, Daniel falou no meu ouvido.
“Você não existe!”, falei entre os dentes.
“Então, me faz sumir!”, ele respondeu.
“Será que eu sou esquizofrênica?”
Pedro olhou para mim:
“Por que?”
“Hum? Não, nada...”
“Você está saindo com mais alguém?”, ele perguntou.
“Por que?”
“Porque as vezes você parece distante, como se procurasse alguém, está?”
“Não, você está?”
“Não!”
“Se estivesse me diria?”
“Se você estivesse diria?”, ele retribuiu a pergunta.
“Sabe uma coisa que aprendi no jardim da infância?”
“O que?”, ele perguntou.
“Cheirou peidou! Você está saindo com mais alguém?”
“É...”, ele ficou corado.
“Por isso que ainda não me beijou, ainda?”
“É que eu não queria fazer nada antes de saber dos meus sentimentos...”
“Como?”
“Eu gosto de você, me divirto com você... Mas você as vezes fica ausente, não quer sair comigo, as vezes é a melhor pessoa do mundo outras não toca no assunto, fica olhando para os lados, não deseja estar comigo...”
“Sou assim?”
“Sim! Você, as vezes, se diverte comigo, ri, conversa, brinca, outras não fala nada, finge que não estou aqui, não retorna minhas ligações...”
“E você não me beijou porque é muito digno?”
“É... Acho que é!”
“Mas se você está com outra pessoa não estaria enganando as duas? Tomando meu tempo e ocupando o dela?”
“É... Acho que é!”
“E agora, você vai ficar mais quinze minutos comigo e depois ir encontra-la?”, ele ficou calado, “Então, deixa eu vê se entendi, eu sou ausente, sou estranha, sou de lua e você arrumou outra? Que na verdade, nem é outra, porque a gente nunca se beijou... Tudo faz sentido e eu sou estranha!”
“C.C., está paracendo que eu sou um monstro e...”
“E não é?”.
Para minha cena ficar legal, João Pessoa poderia ser como Nova Iorque e agora eu dá com a mão e um táxi parar, tive que bater os pés até o hotel Tambaú e entrar num táxi:
“C.C., para e vamos conversar...”
“Não, não quero! Não quero que você se complique por minha causa, não quero parar e vê que esse meu ataque não faz sentido, para mim ele faz!”
“O que?”
“Eu não sei se estou com raiva porque você não me beijou e é fiel a sua namorada. Por você ser infiel em pensamento a ela, porque eu quero que você deseje me beijar. Se estou com raiva só pelo fato de você ser desonesto comigo e não ter me contado que só quer ser meu amigo e nunca quis me beijar... Ou sei lá!”
“Eu queria te beijar!”
“QUE BOM! ELIMINOU UMA OPÇÃO NA MINHA CABEÇA JÁ CONFUSA!!!”
Ele sorriu e passou a mão no meu rosto:
“Se você me beijasse agora seria perfeito, mas não seria justo...”, falei baixinho.
“Justiça ou romance?”
“Iniciativa ou mais perguntas?”
“Eu vou me aproximar em um, dois...”
“Não, não quero! Desculpa, mas você tem razão, justiça!”
“Não, romance!”, ele fez sua escolha.
Pude sentir os lábios dele roçando os meus e sua língua invadindo a minha. Suas mãos passeando pelas minhas costas e minha perna levemente levantar, onde Daniel estaria? Estaria machucando seus sentimentos?

“É ele, o DJ!”, a mulher morena sentou-se na mesa ao lado.
“Verdade seja dita, Marta, ele é lindo!”
“Sem futuro, mas lindo... Eu o descobri faz três semanas quando fui a festa da prima da Marcinha, então, fiquei louca quando o vi não paro de imagina-lo!”
“Entendo!”
“Sério, Fernanda... Ele é sexy, tem uma voz pausada e fora esse ar juvenil. Se lhe dissesse tudo que ando sonhando. Era para ter pego seu telefone no dia da festa da Marcinha, mas estava com o Marcos, então, fiquei sabendo que ele estava tocando nessa festa e aqui estamos. Era essa a surpresa!”
“E agora?”
“Agora, vou pegar o telefone e ele irá fazer esse “barulho” na festinha da Gabi!”


Quando Luiza surgiu na praça da alimentação João Antônio estava sentado em frente ao McDonalds ao telefone, ela se aproximou, beijou sua testa e sentou-se:
“Pode vir, estou aqui com uma amiga. Aquela das flores que sua irmã deve ter lhe contado...Estarei esperando”, desligou o celular.
“Desculpe a demora, fui ligar para minha mãe antes de vir...”
“Conseguiu falar com ela?”
“Sim, ela chegará amanhã na cidade!”
“Com quem falava?”
“Meu ex. cunhado, ele vem aqui para conversarmos.”
“Sobre?”
“Sobre meu namoro com a Luiza, vou contar a ele o que houve e vê se ele conversa com ela. Ela e o irmão são muito ligados, talvez seja a solução!”
“Então, eu vou indo...”
“Não, fique! Será bom que ele lhe veja...”
A frase “Só somos amigos?”, ficou entalada na garganda de Luiza.
“Certo!”
Meia hora depois e um longo silêncio, o ex. cunhado chegou. Luiza levantou a cabeça e se perguntou onde aquilo tudo iria dá:
“João, meu caro. Se a Luiza imagina que estou aqui com você...”
“Mas eu precisava falar contigo, Rafael, muito!”
Rafael sentou-se a mesa enquanto Luiza, inconscientemente, fazia a maior cara de culpada.
“Rafael, meu ex. cunhado, essa é a Luiza, o pivô de minha separação”
Luiza tomou um susto com aquela expressão “pivô da separação”?
“Eu não sou amante dele, nem sequer temos um caso, certo?”
“Era isso que eu queria explicar, Rafael. Sua irmã disse a tua família que eu estava tendo um caso e mostrei a foto da minha amante com as flores no dia dos namorados...”
“Eu não sou amante dele!”, Luiza repetiu.
“Isso! Ela não é nós...”
“Nem sequer temos um caso”, falaram em coro.
“Exato!”, João Antônio acrescentou. “Ela tem a infeliz coincidência de ter o mesmo nome que sua irmã e acabou recebendo as flores erradas...”
“Exato!”, Luiza acrescentou, enquanto pegava o celular: “ANA, ONDE VOCÊ ESTÁ?”, mandou o SMS para Ana.
“Eu queria que você conversasse com ela e tentasse colocar na cabeça dela que eu estou sofrendo...”
“Muito!”, Luiza acrescentou.
“Que eu preciso dela...?”
“Muito!”, Luiza acrescentou, mais uma vez.
“E que tudo é culpa do entregador e eu não mandei as flores para a Luiza, eu nem sequer a conhecia antes disso.”
“Exato!”, Luiza afirmou. “Nos conhecemos no dia das flores e fim...”
“Exato!”, sua vez de afirmar.
Outra mensagem para Ana: “VOCÊ PODE IMAGINAR COMO ESTOU SENDO HUMILHADA? ONDE VOCÊ ESTÁ?”
“Me diz o que faço?”, João Antônio no meio de lágrimas.
“Deixa eu vê se entendi, você mandou as flores para uma Luiza e entregaram para outra?”
“Exato!”, responderam em coro.
“Então, para corrigir o erro você foi lá tirou uma foto dela com as flores e disse a minha irmã que foi um engano, mas você deixou as flores com ela?”
“Exato!”, responderam novamente em coro.
“E agora você está saindo com o engano?”
“Engano não... Luiza!”
“Desculpe, Luiza, mas é por sua causa que minha irmã está sofrendo?”
“Não, Rafael. É porque sua irmã é uma idiota que tem sorte de ter um idiota louco por ela e hoje eu vim aqui para conquistar esse idiota, tentar fazer ele esquece-la, agir como um homem, sabe? Mas ai, falhou. Porque eu estou aqui com você vendo o quão idiota é esse homem. Deixe me acrescentar só mais uma coisinha, no dia dos namorados eu recebi flores e passei a tarde feito uma idiota esperando por ele, no final, chorei achando minha vida vazia e sem sentido, porque estou com quase 30 anos e não realizei meus sonhos, nem sequer, tenho alguém que se importa comigo... Então, meu caro, diga a sua irmã que se ela perder esse imbecil ficará sozinha como eu e não serei eu a rouba-lo dela, e sim alguém mais imbecil que ela que o fará feliz. E ela ficará sozinha nessa maldita cidade cheia de mulheres E SEM NENHUMA POSSIBILIDADE DE ENCAIXE!!!”, as últimas palavras saíram como um grito, pegou o telefone discou para Ana: “Onde você está?”
“Jacaré, o que houve?”
“Estou indo segurar vela!”
“Certo!”
Rafael e João Antônio levantaram-se e viram Luiza cheia de sacolas indo embora.
“Ela não me é estranha!”, foram as últimas palavras de Rafael.

“Você estava paquerando meu colega?”, Edson quebrou o gelo.
“Solteiro?”
“Não sei!”
“Você sabe, sim!”
“Solteiro, mas não para o seu bico, Lili!”
“Ed, por favor, não falemos de bico, falemos de braços, abraços, encaixe, carinho, noites sem dormir...”
“Encaixe?”
“Sim, em-ca-i-xe! De nós dois agarradinhos no final da noite cansados e exaustos de amar!”
“Solteiro!”
“Yes! Vamos sair os quatro e...”
“Lílian, não fica legal você dá em cima do meu colega de trabalho, sério!”
“Não é dá em cima, é namorar!”
“Durante um mês, Lili e depois?”
“Ah, não! Não me venha dizer que eu sou volúvel...”
“Você é!”
“Não sou!”
“É sim!”
“Eu sou fiel!”
“Eu sei, você é uma monogâmica serial. Sai atacando meio mundo, namorando todos e no final...”
“Para Ed!”
“Além disso, nossa amizade nunca incluiu juntar você aos meus amigos e eu não quero esse nível de amizade!”
“Por que?”
“Porque eu me importo com você e não acho que ninguém esteja ao seu nível!”
“Eu gostaria de namora-lo!”
“Eu não!”
“E agora?”
“Meu orkut tem o orkut dele, procure!”, ele sorriu com o canto da boca.
“Mas você não quer...”
“No fundo não quero você com ninguém...”
“Ciumento!”, Lílian deu um tapa nas costas dele.
“Grossa!”, ele deu uma risadinha sem graça. Naquele momento o celular tocou, “Olhe quem é, por favor!”
“É o Túlio”, Lílian falou cantarolando.
“Deve ser sobre o projeto, atende!”
“Edson, ela ainda ai?”
“Oi Túlio!”, Lílian falou rindo.
“Lílian?”
“Sou eu, o Ed está dirigindo e pediu para que eu atendesse, aconteceu algo com o projeto? Podemos voltar daqui!”
“Sim! Foi com o projeto, mas nada urgente! Não entendi uma...uma...uma porta no banheiro...”
“Eu acho que é para as pessoas entrarem, mas vou avisar ao Ed e voltamos para lhe explicar!”
“Não precisa!”
“Faço questão, falaremos de trabalho durante um jantar!”
“O que?”, Edson deu um pulo.
“Ed, você volta para buscar o Túlio?” e o olhou com aqueles grandes olhos liliais.
“Diga a ele que chegamos em cinco minutos!”
“Cinco minutos, já jantou?”
“Não!”
“Ótimo!”
“Você sabe o quanto odeio falar de trabalho no fim-de-semana!”
“O Túlio será seu futuro cunhado!”
“Não somos irmãos!”, Edson suspirou.
“Tive uma idéia! Chame a universitária!”
“Ela tem nome!”
“Sairemos os quatro e seremos felizes e no final de 2008 casamos os quatro na mesma igreja!”
“Ligo quando chegarmos no Túlio...”
“E eu te amo hoje mais do que nunca...”
“Volúvel!”, no fundo ele a conhecia muito bem.
Para o Ed só restava a“Estou amando loucamente a namoradinha de um amigo meu...”

O telefone tocava enquanto eu beijava o Pedro, era Luiza:
“Onde você está?”
“Indo para casa, por quê?”
“Estou indo encontrar a Ana e o Bob no jacaré, vamos?”
“Espera!”, me virei para Pedro, “Acho melhor encerrarmos esse saída por aqui, certo?”
“Por que?”
“Porque você disse que ia me beijar e me beijou... E eu gostei, mas você não está saindo só comigo e eu não sou assim, eu não finjo!”
“Mas não foi um beijo fingido, foi sonhado...”
“Não me importa, eu não finjo... Não vou fingir ser única quando não sou, se há outra eu não sou especial. Eu não vou fingir ser e se não sou, não quero!”
“Mas você é?”
“Então, por que não sou única?”
“Para onde você vai?”
“Para o jacaré com minha amiga!”
“Eu vou com você...”, ele tentou me abraçar.
“Eu não finjo...”, larguei o abraço.
“E vai fazer o que, Sra. Não-Finjo? Vai Fingir que não aconteceu?”
“Vou por minha cabeça no lugar, se quiser resolver isso é sua chance!”
“Posso te levar?”
“Pode...”, ele deu uma risada ao me vê olhando para o lado.
“Vamos ao jacaré!”

Para foi bom saber que não estava só, que se relacionar não era isolar-se e mesmo que ainda não soubesse qual era a formula do amor, o que fazer para gostar mais e sofrer menos, saber lhe dar com as diferenças e tudo mais, está ali com os amigos a fizera forte.
Lembrou das palavras de Lílian quando se encontraram depois da briga: “Você não está só!” e não estava, nunca estaria. Estava cercada das amigas, dos seus pretendentes e mesmo que nunca conseguisse um canal favorável de conexão com o Bob sempre teria a nós.
Quando chegamos lá Luiza e Ana bebiam cerveja e morriam de rir de duas senhoras que falavam com entusiasmo do Bob. Sentamos na mesa e esperamos Lílian e seus dois maridos chegarem.
“Do que vocês estão rindo?”, perguntei a Luiza.
“Pergunte a Ana!”, ela respondeu.
“O que houve?”, perguntei a Ana.
“Estou me divertindo por estar com o homem mais desejado dessa festa!”, Ana beijou minha bochecha.
“Túlio, esse é Pedro odontólogo e super-herói, essa é a Luiza, trabalha comigo, essa é a C.C., minha escritora favorita e essa é a Ana, a garota de programa!”
“Que faz programa! Sou da SWAT!”, Ana deu uma risada, “Namoro aquele gostoso ali e nas horas vagas trabalho com segurança de sistema!”
“Gente, esse é o Túlio amigo do Edson, ele é engenheiro e...”, ela deu uma risadinha.
“E...?”, Luiza perguntou.
“O substituto da minha paixão relâmpago!”, respondeu no ouvido de Luiza.
Eu sei que ainda faltavam 9 dias para o ano acabar e que tem sido um ano parado. Que a contabilidade dará baixa para o meu lado, alta para a Lílian, positiva para Ana e negativa para Luiza. Mas foi um ano bom...
No final o que contou foram as vezes que nos reunimos e planejamos recomeçar a sonhar no dia seguinte!
Feliz Natal e prospero ano novo!
Beijos roubados: 1
Beijos apaixonados: 2
Beijos de amiga: Vários!
Beijos sonhados: Muitos!
Amigos imaginários/experiência sobrenatural ou qualquer coisa do tipo: 1 ou duas se contar com o reencontro com o fantasma do meu ex.
Telhada na cabeça: 1
Amizades apaixonadas: 1
Presentes por engano no dia dos namorados: 1
Relacionamentos recomeçando: 1
Traições: 1
Ilusões: Todas!

Nenhum comentário: