segunda-feira, 14 de julho de 2008

A vida é feita de ciclos: Nascemos, crescemos, nos reproduzimos e finalmente morremos, e nossos filhos irão fazer a mesma coisa que fez nossos pais e os pais deles. Crescer e envelhecer é perfeitamente natural. Mas, nossa cultura transformou isso numa coisa “careta”. Tornou-se muito comum encontrarmos pessoas de trinta anos que se vestem como de quinze, fazem as mesmas coisas que essas pessoas. São mulheres de plástico, senhores de burmudões e tudo, tudo mesmo, pelo não envelhecimento. Algumas tribos encaram rugas e cicatrizes como troféus, nós abominamos o envelhecimento e lutamos contra as rugas e as cicatrizes.
Fazendo uma analogia aos vídeo-games de história linear, costumo encarar a vida como uma série de fases onde encarar o “chefe” seja o fim de um ciclo e começo de outro, depois que passamos daquela fase esse desafio pode se repetir mas já não causa medo, não será tão difícil derrotá-lo, o novo sempre será mais complicado. Algumas tribos ritualistas como as africanas tem como ritual ruptura perfurar o peito do “futuro homem” e prendê-lo pelo do mamilo numa árvore e se ele não pedir “Penico” ou “chamar a mamãe” é o fim de um ciclo, esse menino é um homem e esse homem é capaz de um dia, quem sabe, governar sua tribo. Trata-se de um ritual demonstra coragem, força física e espiritual e firmeza. Outras tem algo mais “simples”, como caçar um javali e depois se acasalar com sua carcaça. Há uma tribo, essa no Brasil, que quando a moça menstrua a mulher mais velha arranca seus cabelos. Crescer causa dor e é isso que esses rituais significam. Fins de ciclo sempre vem acompanhado de dor e ao mesmo tempo de crescimento espiritual. Muito bom olhar para trás e vê que tudo valeu a pena. É quando concluímos a universidade, a sensação de alívio e fim de um longo ciclo.
Ficam para trás alguns amigos, mestres e momentos, agora o mundo é a próxima fronteira.
A sociedade moderna convencionou como fim da infância, não a maturação sexual, pois essa, embora comece aos 11 anos não se tem uma idade fixa para terminar. Então, foi aceito a colação no terceiro grau (ensino superior) ou o casamento, ambos forma emancopação de acordo com o código civil. Antigamente os filhos largavam o conformo e estabilidade do lar para constuir o seu conforto e estabilidade doméstica, era o joão-de-barro construindo seu ninho. No entanto, esse conceito está um pouco defasado. Hoje em dia, conclusão do ensino superior não quer dizer estabilidade profissional e casamento estabilidade emocional e sexual. Os perdem a linha de quando é hora de crescer. Comum encontrarmos garotões de quarenta anos ou menininhas de trinta anos vivendo embaixo das asas dos pais. Segundos dados do IBGE está cada maior o número de aposentados que sustentam filhos e netos. Devido a abertura sexual de pessoas que ainda não se sustentam.
Aceitar que tudo na vida tem começo, meio e fim é fundamental. Somos pássaros que crescem para construir o nosso ninho e não dividi-lo com nossos pais. Embora a vida seja passageira buscamos o permanente e viver na casa dos pais eternamente ou manter-se numa adolescência sem fim, é transitório. Essa pessoa não conseguirá assumir laços profundos e viverá num atípico comportamento adolescente, sem se preocupar ou se responsabilizar por nada. Por isso, é comum encontrarmos pessoas que não querem nada a longo prazo, que não consigam se comprometer, uma vez que, isso implica renúncias, tolerância, paciência e, principalmente, maturidade emocional. O homem é um dos poucos animais que conseguem manter vinculos emocionais para sempre e é desperdício imaginar alguém se perdendo dentro do ninho de outrem descartando as inumeras vantagens de descobrir e criar seus próprios ciclos.

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