terça-feira, 29 de maio de 2007


ONTEM: 1 dose de GIN
1/2 de caipirinha;
1 dose de Martine Bianco


HOJE: 1 copo (forçada!!!) de cerveja;

TOTAL: "Sinceramente, não queria voltar a beber..."

A realidade das coisas, ontem saí com um pessoal amigo para o KS, erámos sete, quase nome de livro, né? Chegando lá duas meninas "descolaram", eu fiquei conversando com os meninos e no final da noite apareceu um cara, "O Cara!" Funcionário público, 25 anos, formado em direito, pinta de galã. Ele e o amigo paqueraram as meninas restantes, e eu continuei conversando com os meninos.
DETALHES:
Estávamos em dois carros e as quatro meninas moravam no mesmo apartamento, e o menino 2 iria levá-las.
Acabou que eu voltei para casa com menino 1, minha carona oficial, menino 2 levou as duas amigas e o Galã e seu amigo saiu com as outras meninas.
Fico imaginando par onde foram, sem querer ser maliciosa.
Hoje fui novamente para a feirinha e lá estava "O Galã" e sua namorada. Ele obviamente incomodado com minha presença e meu olhar impertinente, mas de vez em quando dava um beijo discreto na namorada, ambos estavam bastante entediados.
Fiquei até agora, são quase 2 da manhã e eu cheguei 1:30 por ai, pensando nisso.
Pensando no peso das relações e das nossas escolhas, e como isso tudo me afeta. Até onde vai essa liberação sexual e o quanto isso é triste?
É triste o fato de perfeitos estranhos se conhecerem numa noite e na mesma noite fazer coisas íntimas, criar uma intimidade inexistente. Que tipo de escolha é essa? Que tipo de liberação sexual é essa?
Não me perguntem, eu nem sequer beijo desconhecidos.
Mas acho que são coisas que não voltam mais, características da nova sociedade equivocadas. Em nome do "não preconceito" somos obrigados a aceitar esse tipo de coisa e fingir que isso não nos afeta.
Não acho correto esse tipo de atitude.
Não acho progresso pessoas saírem "dormindo" no momento que se conhecerem e fingir que a há intimidade nisso tudo. Não, não há! Não é normal e não há intimidade. Somos seres racionais e não animais no cio. Intimidade é algo que se conquista com o tempo, com a convivência, com momentos juntos e não com “um momento” junto.
E estar nú, em pêlos na frente de outra pessoa deveria ser algo íntimo. Nu o ser humano está desprotegido, os militares usavam isso como forma de tortura.
Intimidade, para mim, é fundamental para qualquer relação e principalmente sexual. Há muito mais no sexo do que o próprio sexo: há relação de confiança, respeito, cumplicidade e o prazer... E isso tudo não se adquire em horas de conversas.
Não há intimidade e beleza em dois estranhos se agarrando.
Concordo com a música "sexo sem amor é vontade", mas a minha pergunta é:
Que escolhas são essas?
Que tipo de relação começa desse jeito?
Ou o prazer só pelo prazer é válido?
É fora da minha realidade uma pessoa dormir com a outra assim: Sair numa noite e se entregar de tal forma, na verdade, é pura hipocrisia ou enganação. Se entregar sem ser entregue, ou se entregar e não receber nada em troca.
Toda a beleza que deve existe no sexo se desfaz com esse tipo de atitude.
Falei com uma amiga sobre isso e ela disse: "Problema, enquanto houver tais mulheres nossa cotação estará alta", e pelo amor de Deus não me venham com essa, não sou mercadoria e se fosse me sentiria desvalorizada imaginando minhas “co-pratileiradas” se dando gratuitamente. Não me sinto valorizada desse modo, ao contrário me sinto inferiorizada, me sinto totalmente prejudicada. Mas não é só isso, eu não consigo não me importar com meninas ou mulheres se entregando dessa forma.
A luta pelo trabalho, a liberação sexual, crescimento da mulher como ser humano, informações em todos os lugares e a abertura do diálogo em casa, na escola e em grupos sociais não nos trouxe a isso. Todo esse conhecimento e esses avanços deveriam ter nos trazido para um ambiente melhor e não deturpar nossos valores.
Onde estão os limites?
Todo ser humano precisa de limites!
Não há mais limites! Hoje em dia as pessoas se entregam sem a necessidade de "chegar junto", como diria Drummond, sem sentimento, se tornando nada. Somos racionais!
Isso é destruir ideais! Feministas não lutaram para meninas de 22 anos dormirem com qualquer um na primeira noite. Estamos nos tornando iguais a eles nas piores coisas. Buscar igualdade, não quer dizer ser completamente iguais, vamos valorizar as diferenças! É preciso que certas desigualdades continuem, uma igualdade formal, é necessário que nos preservemos para que ainda haja homens capazes de abrir porta, levar doces ou fazer provas de amor. Que ainda haja casamentos, valores ou pelo menos, dignidade.
Será que estou sendo radical? Mas a atitude que eu vi ontem a noite foi o fim da sociedade... Se não há valores em coisas simples como essas, em respeitar o seu corpo, aonde vamos chegar?
Não imagino pessoas que desrespeitam seu corpo protegendo o corpo de outra. Para mim, falta simples de valores, essa liberdade sem limites é o fim de uma sociedade. Daqui a pouco não será necessário prostitutas (aumenta a lista de desempregados) porque há mulheres que fazem tudo que uma prostituta faria de graça.
Em nome de que?
Aonde vamos chegar?
O homem é muito mais do que essa busca por prazer... Há alma, há consciência, há sentimentos...
Isso tudo em nome de que? Minha amiga teimava em dizer que era “óbvio que aquilo tudo é solidão”.Para mim é uma liberação sexual equivocada: Adolescentes beijam 30 em festas, pessoas dormem na primeira noite... E isso gera uma falsa sensação de presença, uma solidão mascarada. Ao final de tudo todas essas pessoas irão passar em nossa vida e os únicos culpados por essa solidão seremos nós mesmos por entregar a relações descompromissadas, por não ter interesse de conhecer o outrem, esperar para vê aonde iremos chegar.
Não há nada mais bonito que o conhecimento mútuo, do que duas pessoas caminhando de mãos dadas para o horizonte. Não falo de relações de 20 anos, 10 anos, 3 ou 2 anos, falo de pelo menos meses. De se interessar pela alma de outra pessoa, querer saber quem é ela e de onde ela vem, de dedicar-se a outro e em prol de uma relação, de entender birras, conhecer sorrisos, sonhos e segredos...
E isso tudo me afeta pelo fato de eu não aceitar essa "liberação sexual". De parecer reprimida por preferir me manter a margem dessa revolução, se isso é um sistema, eu sou uma rebelde, porque eu vou lutar contra essa desvalorização das relações. Vou até o fim no conhecimento mútuo e acreditar que ainda é possível conhecer pessoas, apaixonar-se, noivar, casar, entregar-se espiritualmente para, depois, ser “desflorada”.
Me sinto pessoalmente afetada, porque estou sozinha. Porque o mundo não quer mais relacionamentos, não quer compromisso com outro. Quer simplesmente curtir o dia, quer dormir com um a cada dia, beijar 30 por noite e transformar tudo numa enorme perda de sentido.
Lembro daquele ditado popular "quem vai querer comprar a vaca, quando o leite é de graça", eu sei machista, mas não imagino que as pessoas queiram namorar acreditando nesse conceito de falsa intimidade. Mas tudo é escolha e eu tenho a minha, posso perder com isso. Não sei se a longo prazo, mas a curto prazo estou só. Estou só porque toda a minha geração tem esse descompromisso com os sentimentos. Todas as pessoas que estão interessadas em compromisso já fazem parte de um, o resto são pessoas sem moral em busca do instantâneo e eu estou a margem de tudo isso estou interessada em um e não faço parte de nenhum. Quer saber, como diria Renato Russo: "Tenho quase certeza que não sou daqui...".

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