A foto sobre o criado me dá a impressão de que por um breve instante voltamos ao passado. Como se atrás desse vidro houvesse uma máquina do tempo e por um instante consigo reviver aquele momento, nossas conversas. Um vago filme de felicidade eterna repetindo-se em minha mente.
“Não faz bico, fica artificial!”
Teu sorriso tímido e minha expressão de felicidade. Sou de capaz olhando essa foto sentir tua mão quente, o cheiro do cigarro, o calor do teu olhar, o barulho das bolas de sinuca, as risadas e as conversas incompreensíveis e mais a louca sensação de que ao seu lado eu era livre, sem necessidade de entender bem e mal, sem precisar aprovar ou ser perfeita, nessa foto sou o que seriamos, éramos como sonhávamos. Dentro dessa foto ainda posso escutar sua respiração, sentir a embriagues da tua presença.
“Está com cara de bêbada!”
Ainda escuto nossa risada. E eu não estava? Bêbada de paixão, de vicio, de desejo...de nós?
“Quer tentar outra? Vai, não rouba a alma!”
Engraçado você falar de alma: E onde é que ela está agora? Sinto como se estivesse presa dentro dessas recordações, sufocada nesse retrato.
Parece que depois dessa foto tudo foi derretendo, você foi sumindo e nosso castelo de lego desmoronando... E de tudo que vivemos só restou a repetição contínua de diálogos que eu já nem sei mais se existiram.
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