quinta-feira, 24 de abril de 2008

O amor pode estar do seu lado

Eles nasceram no mesmo ano, suas mães casaram grávidas, estudaram no mesmo colégio e foram batizados na mesma igreja, aliás, pelo mesmo padre. Mesmo assim nunca se encontraram... Estudaram um de frente ao outro, fizeram cursinho no mesmo lugar. Passaram as férias na ABE, centenas de vezes devem ter se cruzado nesse labirinto de concreto e verde que é João Pessoa.
Ele estava ali ao seu lado e ela não o via...
Ela estava ali ao seu lado e ele não a via...
Vivendo paralelamente, talvez modificando a vida um do outro constantemente. É o certo sabor da vida: Como explicar um instante que muda toda sua vida?
É simplesmente um "click", um "alô" ou um "que bons ventos lhe trazem", ele poderia não ter aceito ou ela não ter atendido o telefone. Eles poderiam ter deixado para depois. Talvez a vida tenha seus porquês, talvez eles teriam se encontrado de todo jeito. Ou continuariam suas vidas paralelas, tornando-se colegas de trabalho ou ele pedindo sua opinião nas compras... Ele poderia pegar a lata na prateleira mais alta. E eles só seriam estranhos, o cara da lata e a moça da blusa azul. Um dia seus filhos namorariam, quem sabe? Ou talvez ficassem presos no elevador e percebessem que foram feitos um para o outro. Era possível vê-los roçar a pele, mas nunca se conheceram, eles estavam ali um ao lado do outro.
Era Carlos que os conhecia...
Era Jojo que os conhecia...
Belinha que os conhecia...
Filipe que é amigo dela e foi amigo de infância dele...
Eles estavam ali e só eles não viam.
E a vida que gritava: "Olhe pro lado!!!", ou só desse gargalhada de toda essa cegueira.
Quem sabe quais caminhos seguiriam antes de se encontrar?
Poderiam continuar com uma eterna vida paralela e no final perceber que faltava uma coisa, eles. Dizem que o amor não bate duas vezes na mesma porta, que a vida não lhe dá outra chance e quem dorme no ponto perde o ônibus. Olhando essa história me pergunto se esses dizeres estão corretos. Todo tempo eles estevam ao lado, separados apenas por uma cortina de invisibilidade, freqüêntando a casa da esquina, eles estavam tão próximos e tão distantes... Ou, talvez, o fato de estar ao lado seguindo paralelamente seja mera irônia, eles iam se encontrar da maneira correta, no momento certo e a "paralelidade" seja só uma brincadeirinha do destino para dá um tempero a história. Eles cresceram juntos, amadureceram juntos, no entanto, o encontro foi do jeito que Ele quis, no momento que Ele quis e eles só são mero instrumentos, peças de uma história maior. Esperando, agora juntos, um futuro bom.
Eles talvez se tornem uma lenda urbanda, uma "estória" de um casal que viveu junto sem se conhecer até se encontrar e quando isso aconteceu tiveram a impressão que se conheciam a anos. Foram "gritos loucos", "horas afins" falando dos 23 anos separados e rindo dos desencontros. De repente, vão contar que quando ele a beijou ela sentiu o corpo gelar e uma música que parecia sair de sua alma tocou "Abalou, abalou sacudiu. Coração é só felicidade...". E uns irão dizer que a vida é louca, outros que tem coisa que simplesmente tem que acontecer. De certo, poucos irão acreditar que eles existem. O fato é a vida tem dessas coisas, ela simplesmente é mais do que ato de viver, a vida é um mar que nos puxa e nos empurra, ela é poesia, é conto e é musicalidade... A vida é algo teatral, um drama e uma novela. Viver é algo tão artístico que quem ousa encená-la tem que lembrar-se sempre que um simples encontro pode ser o começo de uma história ou só uma crônica, basta saber como encará-la.
Moral da história: "O amor pode estar do seu lado...".

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