sábado, 23 de dezembro de 2006

O NATAL DE ARISTIDE

E a meia noite você será visitado por três espirítos...O primeiro o espiríto do Natal passado, o segundo do Natal Presente e esse seguido do Natal futuro.
O velho homem mesquinho treme na base.
Então o relógio BATE: BLEEEEEEEEEM!
"Aristideeeeeeee"
Aristide arregala os olhos e pergunta: "Quem é?"
"Sou eeeeeeeeu"
"Eu quem?"
"O espiríto do Natal paaaaaassado!"
"Passado de que?"
"Como de que, Aristide? Passado do que não é presente, pô!"
"Poderia ser "passado" ao alho e óleo, não?"
"Não! Passado de tempo!"
Aristide saiu das cobertas que estava e caminhou até a janela:"Aceita entrar? Deve estar frio ai fora."
"Fria são suas nooooooites de natal, Aristideeeeee"
"Geralmente, não. Sabe, geralmente a lareira funciona, há mulheres a minha volta, vinho e tudo mais. Mas esse Natal decidi ficar em casa, repensar um pouco a vida. Vê o que estou fazendo dela, se as coisas estão certas ou se estou fazendo algo de errado"
"É essa minha função, Aristideeeee"
"Então...", levou a mão ao queixo e finalmente o cotovelo a mesa: "O que estou fazendo aqui? Quando lhe contratei?"
"Me contratou? O que está fazendo aqui?"
"Sim, se você vai pensar por mim quando lhe contratei? E se você vai pensar por mim, então qual minha função na história?"
"Eu vou lhe ajudar a pensar!"
"Me ajudar a pensar?", colou um dedo na ponta do lábio: "Fazer companhia? Sinceramente, Seu Passado, eu penso melhor sozinho e, sinceramente, não gosto dessa coisa de serviços pela metade. Ou o Senhor pensa por mim ou assume que não é capaz de exercer a função e segue seu rumo. Porque fazer companhia, isso não me vem como a melhor coisa!"
"Hum?"
"Ah! Receber companhia de um Espectro, melhor que seja uma loira turbinada, olhos verdes e QI -3. Ectoplasma, nuvenzinha flutuando, fumacinha e nulidade, não fazem lá meu tipo"
"Você não entende, Aristiiiiide? Estou aqui para você vê o que fez de erraaaado, para você revê suas atitudes e seguir em diante."
"E não era isso que eu estava fazendo antes do seu irmão entrar aqui e dizer que você viria?"
"Era! Mas com minha ajuda..."
"E quanto você cobra por hora?"
"Cobro por hora?"
"Sim, quanto custa uma consulta com o Senhor?"
"Não, Aristide. Quero que você veja que nem tudo nessa vida é dinheiro..."
"Não digo que seja, mas e se fosse? Quanto você cobraria?"
"Naaaada, Aristiiiiide! Quero que você veja que dessa vida nada se leeeeeeva!"
"Mas nessa vida você é o que vocês tem, Sr. Ectoplásma. Você entende que aparência é tudo? Que o que você tem faz com que você tenha mais? Parecer o que você que ser, faz com que você seja? Tudo é marketing. Olhe bem, você manda seu porta-voz chegar e dizer que você vem, o "Espiríto do Natal Passado". Olhe o nome: "Espiríto do Natal Passado", e você vem. Você entra pela janela. Não pela porta! Cheio de fumaça e aurea translucida. A-ha! Fala com eco e me diz que vai me faz pensar. Eu estou quase lhe contratando quando você me diz que é de graça. Como assim de graça?! Eu me pergunto, então, esse cara não é dos bons, devo cobrar-lhe por deixá-lo me ouvir? Devo cobrar por deixá-lo pensar comigo? Se ele fosse bom mesmo, por que estaria abrindo o show do futuro? Começo a pensar em esperar o futuro, vê sua proposta, vê qualé a do futuro!"
"Qualé a do futuro?"
"Sim! Se ele é o final, se ele vai me trazer as conclusões, para que vê o passado? Melhor pular o passado e esperar o futuro. Você abre o show do futuro, diz que seu serviço é gratuíto..."
"Hum..."
"Acho que ai está seu erro, a gratuidade do serviço. Se, o senhor, quer mesmo me ser um fantasma do bom, ser melhor que o presente e o futuro, não abrir o showzinho deles, deveria começar a cobrar por seus serviços"
"Abrir o show?"
"Sim, Sr. Passado. Posso chamá-lo assim?"
"Minha mãe me chamava de Steve"
"Steve Passado, que nome pomposo. Ou Mr. P. Poderia mudar seu nome para Pitter, Pitter Passado. Duplo P, Pipi...Não! Não combina, quando fosse lançar sua carreira internacional teriamos um problema, um grande problema! Mr. Pass, poderiamos já usar o inglês, concorda? Well Pass, how can you get the job, man? Como conseguiu esse trabalho?"
"A séculos estou nele"
"E nunca pensou num plano de cargos e carreiras? Em se tornar presente? Quem sabe Futuro? Pass Future, poderia até acumular a função..."
"É..."
"Já pensou, sua mãe ficaria orgulha, Steve. Futuro! O passado sempre é aquela coisa passada, terno xadrez, calça caqui, barba e bengala. O futuro tem meio de transporte, tem todo o futuro pela frente. E é o show final. Le gran finale, se me permite. Abrir show hoje dia não está com nada... O negócio é a espectativa das pessoas, é entrar com pompa no final, cantar duas músicas e sair aplaudido. Poderiamos contratar dançarinas, já pensou? Aparecer no Jô Soares, Faustão e depois Oprah!O céu é o limite. Pense, bem, Steve: FU TU RO"
"FU TU RO! Como faço para isso? Como faço um plano de cargos e carreiras?"
"Bem, Steve, vou ser sincero com você. Não cheguei aonde estou dando as coisas, fazendo caridade e você sabe disso. Trabalho de graça só você e relógio. E olhe onde estão?"
"Então, quanto lhe devo?"
"Falemos dos meu honorários, passe amanhã em meu escritório e marque com minha secretária, depois passe no meu contador e deixe o pagamento por essa conversa. Quero tudo devidamente resolvido, vou represntá-lo, vou lhe fazer ser futuro, mas antes teremos que fazer um contrato, amanhã conversaremos melhor. Por enquanto, deixe-me sozinho estou espando outro cliente. Ah! E mais tarde me dê o telefone do rapaz que abriu o seu show, ele pode necessitar da sua vaga"

[CONTINUA...]

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