quarta-feira, 29 de novembro de 2006

EUZINHA



Esse rosto, ainda anônimo, é muito comum. Sou uma dessas pessoas que quando você olha pela primeira vez pensa que não é um rosto estranho. Tem razão, não sou um rosto estranhos, tamanho, forma e tudo mediano, não sou uma pessoa bonita, mas não sou feia. Sou morena, cabelos lisos, sorriso perolado e alguns (para não dizer muitos) cravos no nariz.
A primeira vista ninguém se sente atraído por mim. Mas acabo despertando interesse pelas minhas esquisitices, faço caras e bocas, falo muito e morro de rir, sempre estou rindo.
Tenho 22 anos e se eu disser 23 ou 21 é mentira, tenho 22 anos!
Sou do signo de peixes e sim, tenho uma história para contar.
Na verdade, tenho diversas histórias para contar. Poderiamos sentar e eu começar a traçar minha vida minuto a minuto, desde a minha primeira lembrança.
Minha mãe me amamentando.
Lembro dela virada um pouco para o lado camisa xadrez desabotoada e eu mamando feliz da vida.
Vocês podem julgar como HISTÓRIA ou ESTÓRIA, nem eu sei ao certo se essa minha primeira lembrança é real ou não...
Outra coisa que me lembro é de uma fazendinha de brinquedo que meu pai me deu, a mãe era amarela e muito feia, o pai azul (ou vermelho), galinha, galo e pintinhos, boi e vaca, porco e a porca dando de mamar para doze filhotes (ou eram oito) e eu brincava num tapete de palha para dá mais realismo.
O dia que meu coelho, pobre Tututa, morreu.
E dá minha avó materna gritando: "Ô Rodrigoooooo"

Como vocês vêm material para esse blog e uma análise não faltam.

Vocês já devem ter ouvido histórias de meninas que crescem com o pé no chão, num vilarejo perto do reino, num lixão ou no quintal do castelo e de repente viram rainhas, não?
Conseguem encantar a todos e ao mesmo tempo conseguem captar o ódio de alguns.
Eu também tenho uma história dessas para contar, cheia de amor, ódio e desilusões, com um final muito infeliz.
Outro dia, li um gibi (não recordo o nome) de quatro amigos que se apaixonavam entre si uma pequena quadrilha: João que amava Tereza que amava Augusto que amava Magnólia que não amava ninguém. E no final, cada um seguiu seu caminho chegando numa estrada que tinha quatro rumos diferentes.
Engraçado como a vida imita a arte, em todos os aspéctos.

Poderia passar a tarde aqui escrevendo sobre algumas idéias, mas estou arrumando meu guarda-roupas.
Tenho uma coisa muito interessante para contar.
Dia onze entregam a chave do meu apartamento e a alguns dias atrás fui dá uma olhadinha nele: Um ovo!
Meu quarto: um ovo!
Os outros quartos: um ovo!
A sala:Minúscula! e eu deveria ter colocado um acento ou abreviado porque essa palavra enorme, não, ela não cabe na minha sala...
Banheiros: acho que não cabe duas pessoas (o que é uma pena!) dentro.
Finalmente a cozinha, isso é a cara do meu pai, é um T (sim a letra ""T"").
Engraçado, é que minha cozinha atual é em ""L"" (sim a letra L) e essa é a letra T, por isso, é a cara do arquiteto painho.
E ontem eu voltei ao apartamento, voltei para dizer verdades a ele. Cheguei lá e disse: "Minusculo apartamento, me chamo Márcia Danyelle, e eu, você e meus fantasmas iremos co-habitar nesse minusculo espaço. Queria lhe dizer, que trocava tudo isso, você, eu e meus fantasmas, pela paz, pelo tempo da ignorância onde eu achava que todos poderiamos ser amigos e sonhava com mais e mais. Queria lhe dizer, que não foi possível trazer o grande amor da minha vida para co-habitar com você, eu e meus fantasmas, mas estou aqui para lhe dizer que nada disso trás felicidade...", e fui embora, parecendo mais estranha do que eu sou, o apartamento 1703 (é isso!) ou 1702 (ou isso) ficou me olhando pensando que seriam longos anos.
E eu concordei com ele...
Mas, fui embora!
Embora, mesmo!
Voltei para a casa distânte com a cozinha em ""L"" e lhe agradeci com um enorme abraço pelos tempos de felicidade, pelas lembranças que não quero apagar.
Não foi nessa casa que minha mão me amamentou mas foi nela que vivi os melhores anos de minha vida...

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